Blog da Família de Mídias Sociais

Divulgando e compartilhando experiências com novas tecnologias educacionais.

Redes Sociais e a Educação: Tempo de experimentar

     Por Vinícius Farias

      Se ainda há discussões sobre a eficácia da utilização da tecnologia na educação, imagine a discussão que parece vir depois dela: a utilização de redes sociais. Afirmei que “parece” ser uma discussão posterior, quando na verdade esta deve ser parte integrante daquela.

      O aluno de hoje em dia pode não ter computador em casa, contudo provavelmente possui um perfil no Orkut, Facebook e/ou Twitter, ou ainda ter um Blog onde escreve sobre o que lhe interessa. Quer material de estudo melhor do que esse para conhecer seu público? Quer exercício melhor de prática de utilização da linguagem escrita do que esse?

       O fato é que as crianças desta geração já nascem nativas digitais. Explico. Pais, primos, tios e até mesmo avós, estão o tempo todo conectados. Isso faz com que a criança cedo se interesse pelas ferramentas, seja assistindo vídeos infantis, brincando com jogos virtuais, ouvindo música no celular ou trocando o canal da TV. A pergunta que fica: que papel a escola irá desenvolver para transformar esse nativo em cidadão digital? Sim, porque nossos alunos precisam entender que a internet não é terra sem lei. É, ou deveria ser, um reflexo da sociedade, com a diferença de que lá todos podem ter voz, interagir e opinar. Entretanto há códigos de conduta que precisam ser seguidos, há a preocupação com a fonte das informações e o mais importante, as ações virtuais podem sim interferir na chamada “vida real” – se é que hoje podemos diferenciá-las.

      Uma vez que a maioria dos alunos está conectada às redes, por que não utilizá-las a nosso favor? Criar grupos de discussão, fóruns, um espaço interativo onde todos possam mostrar suas produções. Tudo isso faz parte do mundo virtual que não deve substituir o espaço escolar, mas sim tornar-se uma extensão dele.

      Certa vez ouvi de uma professora que ela havia repreendido um aluno por este não ter copiado a matéria do quadro. Ela então questionou como ele estudaria para a prova. O aluno prontamente respondeu: “Professora, eu tirei uma foto do quadro no meu celular. Em casa passarei para o PC e poderei estudar.” O que fazer neste caso? Repreender o aluno? Fazê-lo copiar no caderno, à mão?

     As perguntas ficam ainda no ar: é o fim da escrita à mão? É o fim do professor? É o fim do espaço escolar? Não pretendo aqui apresentar respostas prontas e definitivas, mas antes abrir um espaço para discussão. Posso, entretanto, opinar sobre os questionamentos.

      Não, não é o fim da escrita à mão, contudo precisamos preparar nossos alunos para a vida, isso inclui dizer a ele que hoje os textos precisam ser digitados e que nem todas as correções do Word devem ser aceitas, por exemplo.

      Sim, é o fim do professor. É o fim do professor como único detentor do conhecimento – se é que ele existiu algum dia. O professor terá de adotar o papel de mediador onde o próprio aluno pode construir seu conhecimento sozinho ou em grupo. É o fim do professor unicamente  expositor e é a consolidação do professor que promove a discussão sobre o tema, a participação dos alunos e se preocupa em planejar uma aula atrativa, daquelas que anos depois os alunos lembrarão (é o sonho de todo docente).

     Isso não significa afirmar que todos os professores que não utilizam tecnologia são obsoletos e não atingem o objetivo final. Todos já tivemos algum professor que nos tenha marcado. Mas o fato é que o século é outro (ainda não me acostumei a falar sobre os anos 90 como século passado), os tempos são outros e principalmente os recursos são outros. Por que não lançar mão deles? Por que não utilizar um slide do Power Point, um vídeo do Youtube, uma notícia do Twitter ou virais do Facebook? Por que não ampliar a discussão para além dos dois tempos de 50 minutos cada? Vale refletir.

      Não, não é o fim do espaço escolar. Ao contrário, trata-se da extensão dele para além do espaço físico. Essa barreira precisa ser quebrada. Será a transposição do espaço escolar, que hoje fica restrito à sala de aula, para o quarto do aluno, para o shopping, para o cyber café. Ainda que esteja fora do espaço escolar físico, o aluno pode interagir com os amigos, formular ideias, desenvolver argumentos, seja onde estiver. É importante sim sempre ter o professor no papel de mediador.

      Para dizer que algo não dá certo é preciso experimentar. Cientificamente então, é preciso antes uma experimentação sistemática. Portanto este é um convite que faço aos meus colegas docentes. Experimentem! Caso não saibam como fazer, peçam ajuda, pesquisem. Não é vergonha um professor não saber algo (apesar da sociedade questionar isso. Ainda que o assunto seja Física Quântica e você lecione Língua Portuguesa, sempre vem a frase: “Nossa! Mas você, um professor, não sabe?”) . Muitas vezes os próprios alunos podem se engajar para fazer o Blog da turma, a Fan Page da escola, o Twitter dos alunos. Enfim, é tempo de experimentar e fazer com que a escola seja parte integrante do processo de evolução global!

8 Comentários

  1. Mario Mangabeira

    “..ainda não me acostumei a falar sobre os anos 90 como século passado.” Também não! rs* Vinícius, excelente texto. Darei uma capacitação sobre o Pé de Vento na CRE, no retorno das aulas e utilizarei seu texto como parte da mobilização. Está digno de uma publicação em algum anal de congresso/ simpósio…. Vamos pensar nisso? Rs*
    Abração! (=

    Mario – Educopedista de Inglês.

  2. Excelente texto!!
    Os nativos digitais já nascem com uma dinâmica de zapeamento diferenciada e, frente a esta nova realidade que vivemos – sociedade das informações, onde o que é privado torna-se público em “meio segundo”, a ESCOLA precisa ter foco sobre um processo de descongelamento e abertura para tal. Caso contrário, cairá na questão de ter ferramentas e possibilidades digitais, mas não saber usá-las…

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